Carta aberta ao meu sutiã bege

 

Desde sempre ouvi as pessoas dizerem que sutiã bege não era atrativo aos homens. Isso me deixava inquieta pois não conseguia imaginar um homem vestindo sutiã de nenhuma cor. Mas como cada um tem suas preferências, não levava em consideração.  

O tempo passou, eu cresci e meus seios também. Obviamente que as vontades e os desejos tomavam proporção e tinham espaço em minha vida. Nas rodinhas com as amigas era comum a frase: "Sutiã bege é broxante. Homem broxa se vê sutiã dessa cor, e calcinha também. Jamais usem!"

Embora sem concordar, aceitei essa colocação e deixava o sutiã bege para as idas na academia e as calcinhas beges para os dias de menstruação. O mais engraçado é que ainda assim - usando as clássicas langeries vermelhas, vinhos ou rosa chiclete quando queria fazer a mocinha virgem -, homens broxaram várias vezes comigo. Eu não vejo problema em homem broxar, acontece e é perfeitamente normal. Tão normal quanto nossa fiel dor de cabeça que casualmente aparece naqueles momentos que também estamos broxantes. O meu problema é o sutiã bege. Ou melhor, o que me fizeram acreditar sobre ele. 

Tudo começou a mudar quando saí com um cara e, embora eu esteja quase sempre preparada higienicamente para um after, naquele dia eu não estava preparada no quesito langerie. Eu estava com o bendito sutiã bege...

Por um momento pensei em dar
uma desculpa qualquer, usar a dor de cabeça, o cansaço, mas pqp, o beijo era gostoso demais pra conseguir lembrar disso. E quando ele tirou a minha blusa, fiquei esperando um desmaio ou então o volume entre as pernas encolher. 

Mas sem pressa de tirar aquela langerie horrível e broxante, ele me fez experimentar todos os seus sentidos e assim permanecemos por horas sem contar. Sem dúvidas que foi a melhor transa da minha vida. 

Então, ao meu querido sutiã bege e a todas as calcinhas beges, o problema nunca foram vocês. Nos fizeram acreditar que para ter prazer deveríamos nos condicionar a uma cor ou modelo de langerie. Nos fizeram acreditar que seríamos menos gostosas se não estivéssemos dentro de um padrão da moda. Ou então que os homens não sentiriam prazer se não viéssemos embaladas a vácuo em uma calcinha que mal cobre a bunda e em um sutiã cheio de adereços nos deixando igual uma árvore de Natal. Mas isso não é verdade.

Que me perdoem os e as amantes das rendas e fio dental, mas foi preciso um homem de verdade me mostrar que prazer é toque, é pele, é conexão e sensibilidade, e não uma cor que determina se chegaremos ao orgasmo, ou não. 





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