MÃO PRETA
Arranquei o fruto que em mim nascia E o enterrei no cafezal Meu ventre, não era livre Meu leite, não era seu. Haverá perdão, meu nenê? Não vais conhecer o banzo, Nem tua cabecinha será queimada pelo sol enquanto colho o sustento do meu Senhor. Passarás longe da chibata, do tronco, do cepo, da gargalheira, Teu viramundo aqui está entrelaçando braços e pernas Num afago de saudade e dor Eu plantei a minha semente Pra ela não ir pra roda E enquanto isso, ouvia ao longe, outras crianças cantando: "Uma, duas angolinhas Finca o pé na pampolinha O rapaz que jogo faz? Faz o jogo do capão. O capão, semicapão, Veja bem que vinte são E recolha o seu pezinho Na conchinha de uma mão Que lá vai um beliscão!" Alegrete, 25 de agosto de 2020 (Quem quiser escutar o áudio deste poema, é só me pedir!)