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Mostrando postagens de agosto, 2020

MÃO PRETA

  Arranquei o fruto que em mim nascia E o enterrei no cafezal Meu ventre, não era livre Meu leite, não era seu.  Haverá perdão, meu nenê? Não vais conhecer o  banzo, Nem tua cabecinha será queimada pelo sol enquanto colho o sustento do meu Senhor. Passarás longe da chibata, do tronco, do cepo, da gargalheira, Teu viramundo aqui está entrelaçando  braços e pernas Num afago de saudade e dor Eu plantei a minha semente Pra ela não ir pra roda  E enquanto isso, ouvia ao longe, outras crianças cantando: "Uma, duas angolinhas Finca o pé na pampolinha O rapaz que jogo faz? Faz o jogo do capão. O capão, semicapão, Veja bem que vinte são E recolha o seu pezinho Na conchinha de uma mão Que lá vai um beliscão!" Alegrete, 25 de agosto de 2020 (Quem quiser escutar o áudio deste poema, é só me pedir!)

MENINO 23 - INFÂNCIAS PERDIDAS NO BRASIL

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  BOM DIA!!! Quero contar para vocês que comecei um novo projeto pessoal (sim, eu sou a louca dos projetos pessoais). Sem muita enrolação conto que comecei a assistir uma série de documentários para debater, entender - se é que é possível- o RACISMO . Ao longo dessa minha caminhada e aprendizado, vou postando aqui e compartilhando nas minhas redes sociais o que achei do documentário e os pontos relevantes na minha opinião. Comecei ontem pelo documentário Menino 23 - Histórias de infâncias perdidas no Brasil . Assisti duas vezes e nas duas me fui às lágrimas. É, não vai ser uma tarefa muito fácil, porém, eu preciso encarar isso e embora com muita dor no coração, vou levar adiante. Quero assistir um por dia. Menino 23 é um documentário brasileiro de Belisário França. Tem este nome em homenagem a Aloísio Silva, um dos meninos da trama que tinha como apelido o número 23.  Narra a pesquisa do historiador Sydney Aguilar Filho, que conta que um dia enquanto dava aula, falando sobre o nazismo,

Poema publicado 😍

 Olá, pessoas lindas do meu coração Hoje eu estou radiante. É com muita alegria que conto para vocês que o meu poema Canção de ninar para um negro foi publicado no site CiênciAção - Observatório Interdisciplinar de Divulgação Científica e Cultural (Unipampa) na secão Arte e Cultura. O poema já esta aqui no blog, mas vocês podem conferir no link  https://sites.unipampa.edu.br/cienciacao/2020/08/12/cancao-de-ninar-para-um-negro/  e aproveitar para dar uma conferida neste site que está recheado de informações. Agradeço ao querido professor Walker , grande incentivador nesta minha caminhada. Também agradeço de coração a todo retorno recebido através de recadinhos cheios de amor <3 

Maya Angelou - Eu sei por que o pássaro canta na gaiola

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 Pessoal, neste sábado vai rolar mais um encontro muito especial no Leia Mulheres Alegrete. Para quem ainda não sabe, o Leia Mulheres é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo a popularização da leitura de escritoras, sejam elas nacionais ou internacionais, abrangendo todos os gêneros literários.  Em Alegrete os encontros acontecem geralmente na Biblioteca Pública Mário Quintana e são mediados pelas queridonas, Ana Lúcia Vargas , professora na rede municipal e pela Aliriane Almeida, bibliotecária municipal. Diversas obras já foram contempladas desde o início do projeto na cidade, em 2018 e este ano, por ser atípico, os encontros estão sendo de maneira virtual, pelo google meet . É uma experiência inovadora, mas que vem dando muito certo! Então, no sábado dia 15 de agosto teremos mais um encontro virtual. Desta vez discutiremos a obra da Maya Angelou - Eu sei por que o pássaro canta na gaiola. Maya, além de ser escritora, é uma ativista negra, mulher de fibra e de lu

Crônica do Corona

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 Como bem sabem, estamos em pandemia. Logo no início da quarentena, onde tudo era incerto (não que ainda não seja) eu escrevi esta crônica para liberar um pouco a adrenalina dos dias pesados rsrsrss. Os nomes mencionados são de participantes da Sociedade Literária Rui Neves, meus querido coleguinhas <3 Crônica do Corona Ontem à noite, já cumprindo a quarentena determinada pelos órgãos competentes, quase que parti dessa pra melhor (ou pior).  Sempre fui a louca da água sanitária, tanto que em minha casa, entre os cordiais familiares é comum ouvir que eu bebo "quiboa".  Resolvi fazer jus ao trocadilho e larguei litro e meio do meu precioso líquido no box do banheiro. A intenção era cometer uma chacina em germes e bactérias. Como refrescou liguei o chuveiro no quente. Acontece que também  sou a louca do banho fervendo. Coisa morna? Pra mim não serve, não!! E falo de comida (e principalmente ser comida), água, cerveja, amores, e afins.  Sou intensa e isso explica meu desejo po

Homenagem à Tereza de Benguela - 25 de Julho

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25 de Julho Dia de Tereza de Benguela Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha Dia do Escritor, no meu caso, Escritora. Rabisquei umas linhas para celebrar este dia com tantos significados para mim. Eu, Tereza O meu sangue É o sangue de Benguela Não vermelho de guerra Mas marrom Como a terra cultivada nas mãos dos meus ancestrais na luta para sobreviver. O meu reflexo É a Rainha Tereza Que liderou meus irmãos Enfrentou a desigualdade E deixou semeada a esperança, os sonhos, a vida. (Merlen Alves) Imagem disponível em: https://cdn.midiamax.com.br/wp-content/uploads/2018/07/ne.jpg

Série Valéria

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Eu estou sempre garimpando filmes e séries sobre literatura. Acabei encontrando essa série na Netflix e hoje começo a conferir. Deixo a dica e depois posto o meu feedback. 😃

Encontro de Setembro - Sociedade Literária Rui Neves

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CANÇÃO DE NINAR PARA UM NEGRO

Essa cor que herdei não surgiu do acaso vem de raízes fortes que entrelaçaram uma história de luta, de dor, de sofrimento, quando apenas queriam viver. Basta! Eu quero viver! Minha cor não vai pedir desculpas, meu cabelo não vai se encolher, meus traços marcantes não vão se esconder. Meu ventre negro deixará sementes que serão embaladas com um verso de ninar: "Dorme filhinho, mamãe aqui está Deita em meu seio e pode repousar Eu sei que a maldade vai te procurar Mas tuas feridas prometo aliviar." Merlen Alves Ago/2020

Dieta de Saramago

  Ontem  eu recebi o plano da minha nutricionista. Na verdade, ontem eu percebi o plano da minha nutricionista. Ela quer me matar.  Eu sei muitos vão pensar que toda pessoa que começa uma dieta fala isso, e eu também não sou cozinheira de primeira salada na tentativa de emagrecer, mas é a primeira vez que uma nutricionista me desafia usando um literavélico plano. Está ali, escrito em negrito, logo abaixo do meu diagnóstico de obesidade: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.” (José Saramago). Quase sem acreditar no que via, falei em alto e bom tom: que merda, hein!  Ela poderia ter usado Fabrício Carpinejar, Martha Medeiros ou Paulo Coelho, esses escritores que me adormecem enquanto leio, mas não, ela quis usar Saramago! Notei claramente o atrevimento. Além da referência literária, Saramago lembra planta que lembra salada que lembra minha obesidade. Quase não consegui dormir e ignorando todos os protocolos dos iniciadores de dieta, comecei em pleno domingo. É des